quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Cainita

Cainita

Os últimos raios de sol invadem o quarto
Atravessam as cortinas e incidem no chão
Tão fracos que não me ferem, tão pouco dissipam a escuridão.
Feroz combustível, que aperta o coração como um infarto.

Olho a lua, sempre presente nesta vida,
Companheira e confidente dos crimes cometidos.
Às vezes até se esconde, penosa dos condoídos,
Que sucumbiram face a essa minha face abatida.

Sim, são muitos. Negar não posso.
Um rebanho que sucumbe ao golpe do carrasco.
Alguns com piedade, raiva ou asco,
Mas nunca houve tempo pra remorso.

São minha vida, meu alimento, meu santo pão.
Rio de sangue a saciar uma sede que não tem fim.
Indiscriminadamente, cor de ébano ou brilho de marfim,
Acabo com suas vidas e causo minha destruição.

Essa é nossa sina, destino da besta que nos habita.
Mortes, sofrimentos, dor e sangue que não acaba,
Pactos, inimigos, serpentes, maldições e caballa,
Enfeitam a trama banal vã do cainita.

Rafael Moura

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Now playing: Regina Spektor - The Flowers
via FoxyTunes

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