terça-feira, 16 de agosto de 2011

A Morte Está Diante de Mim Hoje

Voltei a ler Sandman, e sempre gostei desses versos. Espero que gostem!

“A morte está diante de mim hoje:
como a recuperação de um doente,
como ir para um jardim após a doença

A morte está diante de mim hoje:
como o odor de mirra,
como sentar-se sob uma vela num bom vento

A morte está diante de mim hoje:
como o curso de um rio,
como a volta de um homem da galera para a sua casa

A morte está diante de mim hoje:
como o lar de um homem que anseia por ver,
após anos passados como um cativo”
(cf. recitado por Sandman)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sem Título #2

Tela e retratos, umbrais passados a limpo
Tetos e vidros espalhados ao redor do calor da fogueira
Sons e imagens espalhados num turbilhão de curiosos impulsos
A vida gritando alegre em tons vermelhos e azuis

Curto o clima de paraíso astral
Enquanto crio felicidades com o vento que sopra ao léu
O grito que ecoa confunde-se aos tambores do meu diafragma
E a minha pele é esticada numa acorde de explosões febris

Sussura ao meu ouvido o sol, menina pequena e radiante
Fazendo travessuras nos corações das pessoas
"A vida dura apenas um sorriso ou uma lágrima", diz ela
"Apareço tempo suficiente pra vocês escolherem apenas um caminho"

O turbilhão anil toma violentamente minhas vistas
O céu acolhe e aninha-se nos meus braços
Chora como um bebê de lindos olhos azuis
E em sua testa tem escrito a palavra "amanhã"

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ondulações

Que o fruto do tempo caia sobre minhas costas
E que eu me afogue nas lágrimas dos perdidos nas eras
Que o sol seja o mais fiel companheiro canino
E que a lua seja a mais displicente amante

Que os relógios derretidos e as ampulhetas quebradas
Nos mostrem o caminho da vida e da morte
Que as ondas de calor das bombas futuras
Aninhem-se nos calores das manhãs de outubro

Que aquilo que nos doa seja perdoado
E que a mão cheia da morte iminente seja alisada
Longe de nós fugir do destino
Só desejo saborear as eras no colo da minha menina...

Sem Título #1

pepepe papapa caixa de fósforo
casco de cavalo, pele de gia
tamanduá bandeira sentado na pia

casa no campo, estalos matinais
sede de sangue correndo nos umbrais
sair do saber sentindo aguarrais

ferida no casco do velho navio
alegorias selvagens do homem mais sombrio
cavalo arisco, mais que fugidio

raio de sol a iluminar o amanhã
febre bandida, febre terçã
pai, mãe, filha e irmã

cavalo marinho na sobra do mar
valha-me Deus, amanhã vou voltar
no colo da donzela vou me aninhar