quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Apaixonado

Passando só pra matar as saudades. Na verdade, saudade é um conceito que tenho me familiarizado muito desde março. Infindáveis minutos de saudade, seculares segundos de saudade... Como não tenho nada novo pra postar, deixo aqui um poema de Jorge Luis Borges, poeta argentino (apesar de não parecer, a Argentina tem muita coisa boa: Carlos Gardel, Piazzolla, esse moço aqui) que conheci esta semana. O Piazzolla até musicou algumas coisas dele, muito legal.

Achei interessante esse poema, pq ele brinca com a idéia de desnecessariedade de todo o resto, quando se está apaixonado. Para nós, pouco importa o que há além daqueles olhos brilhantes, daquele sorriso encantador, daquela "plantação de rubis"...

"O Apaixonado

Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura."

Jorge Luis Borges
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Now playing: 20 Yann Tiersen - La valse des monstres
via FoxyTunes

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